Quando o amor é atuação: o perigo do afeto que mente bem #04

Duas formas de amar, e uma delas é fingimento

João sempre foi o tipo de pessoa “querida” na igreja. Abraços largos, elogios generosos, palavras doces.
Mas, nos bastidores, criticava quem não o agradava e evitava qualquer pessoa que não pudesse “somar” aos seus planos.
Chamava isso de “maturidade relacional”. Deus chamava de hipocrisia emocional.

Maria, por outro lado, servia a todos, sempre pronta pra ajudar, mas sempre ressentida.
Fazia tudo “por amor”, mas sentia raiva quando ninguém reconhecia.
O amor dela existia, sim, mas condicionado: se houvesse retorno, carinho, ou gratidão, ele florescia; se não, murchava.

Dois corações cansados de fingir bem.
Dois amores contaminados pela autoproteção e pelo desejo de controle.

“Não finjam amar os outros; amem de verdade. Detestem o mal e apeguem-se firmemente ao que é bom.”
(Romanos 12:9)


O seu amor é do tipo que serve ou do tipo que se exibe?

O amor falso é o mais perigoso, porque soa certo.
Ele usa a linguagem certa, o comportamento certo, mas a motivação errada.
E Paulo, em Romanos, desmascara isso: há um amor que finge ser cristão, mas que no fundo é transacional.

Romanos 12:9 é um divisor de águas.
Ele separa o amor que serve do amor que usa.
O que vem do Espírito, do que vem do ego.

A seguir, quatro verdades que expõem o contraste entre o amor verdadeiro e o amor de fachada:


1. O amor fingido busca aparência; o amor verdadeiro busca transformação

Paulo começa com um imperativo direto: “Não finjam amar.”
Ou seja, é possível fingir, e muitos o fazem sem perceber.

O amor fingido é estético: se preocupa mais em parecer amoroso do que em ser amoroso.
Ele evita conflitos, não por paz, mas por imagem.
Diz “tá tudo bem”, enquanto carrega rancor.
Sorri pra preservar o status de “maduro”, e não pra reconciliar de verdade.

Mas o amor genuíno não tem medo de ferir pra curar.
Ele é honesto, mesmo quando é desconfortável.
Ele confronta com graça, e perdoa sem cálculo.
Enquanto o amor fingido busca aceitação, o amor verdadeiro busca redenção.


2. Amar de verdade exige odiar o mal, inclusive o mal dentro de si

Paulo conecta o amor genuíno a uma atitude incomum: “Detestem o mal.”
Por quê? Porque amar sem discernir é ingenuidade.
E o amor cristão não é cego, é lúcido.

Amar de verdade implica detestar aquilo que destrói o outro, mentiras, manipulações, orgulho, e até os próprios padrões tóxicos que alimentamos.
O amor autêntico não compactua com o pecado, nem se acomoda em relações injustas.

Ele é misericordioso, mas não permissivo.
Ele é compassivo, mas também firme.
Ele se recusa a chamar de “bondade” o que é conveniência emocional.

O amor fingido diz: “Eu quero paz.”
O amor verdadeiro diz: “Eu quero pureza.”
E, às vezes, pureza exige confronto.


3. O amor maduro não precisa de aplausos

Uma das maiores marcas do amor fingido é a expectativa.
Ele dá, mas espera.
Serve, mas mede.
Abençoa, mas contabiliza.

O amor maduro, em contraste, é livre.
Ele não precisa ser visto, lembrado ou retribuído.
Porque já encontrou sua recompensa em Cristo.

Esse é o tipo de amor que Jesus demonstrou ao lavar os pés de quem o abandonaria.
O amor que ama não pra ganhar, mas porque já foi amado primeiro.
O amor que não faz marketing de bondade, mas cultiva bondade silenciosa.

Amar de verdade é escolher permanecer mesmo quando o outro não corresponde, sem transformar isso em autopiedade.


4. Amar de verdade é se apegar ao bem, mesmo quando o mal parece mais eficiente

“…apeguem-se firmemente ao que é bom.”
Em outras palavras: não desista do bem só porque o bem custa caro.

O amor verdadeiro exige perseverança.
Ele não desiste na primeira decepção, nem se torna cínico quando é ferido.
Ele continua fazendo o bem mesmo quando ninguém percebe.

Mas o amor fingido é impaciente: quer resultado rápido, reciprocidade imediata, reconhecimento constante.
Quando isso não vem, ele troca o “amar” por “agir conforme o outro merece”.

Apegar-se ao bem é resistir à tentação de amar com cálculo.
É decidir permanecer generoso mesmo num mundo que recompensa o egoísmo.
É amar como quem tem convicção, não conveniência.


Conclusão: o amor que finge é pior que o ódio que assume

O ódio pode ser curado pela verdade; o fingimento, não.
Porque o fingimento alimenta a mentira de que “está tudo certo”.
E onde há aparência de amor, a transformação não acontece.

Romanos 12:9 nos convida a uma fé adulta:
Um amor que não é performance, mas entrega.
Um amor que não é teatro, mas testemunho.

💭Você tem amado as pessoas como Cristo, ou apenas como convém à sua reputação?

👉 No próximo post, vamos mergulhar em Gálatas 6:3-5:
“Quando a humildade vira fachada: o perigo de se achar importante”


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