Eduardo sempre dizia: “Minha consciência está tranquila.”
Era firme, decidido, disciplinado, e também completamente cego.
Tratava mal os colegas “preguiçosos”, julgava os que pensavam diferente, e justificava tudo dizendo que “só estava sendo verdadeiro”.
No fundo, sua sinceridade era apenas orgulho travestido de integridade.
Já Lúcia dedicava horas a ajudar na comunidade. Fazia o bem, sim, mas com a sensação de estar quebrando um galho pra Deus.
Achava que, por fazer coisas certas, podia relaxar nas outras áreas.
Acreditava estar “em paz”, sem perceber que seu senso de justiça era apenas autocomplacência.
Ambos estavam convencidos de que faziam o certo.
Mas a sabedoria de Provérbios corta fundo:
“A pessoa pode achar que tudo o que faz é certo, mas o Senhor julga o coração.”
(Provérbios 21:2)
E se o seu “certo” não for o certo de Deus?
A pior mentira é a que contamos a nós mesmos.
A mais perigosa forma de engano não vem do diabo, mas da autojustificação.
Quando nos convencemos de que estamos certos, deixamos de ouvir, aprender e corrigir.
Provérbios 21:2 nos lembra que há um abismo entre parecer justo e ser justo, e que a régua de Deus não mede comportamentos, mas motivações.
A seguir, quatro verdades desse texto que expõem como o coração pode nos enganar até nas boas intenções:
1. A convicção humana não é sinal de verdade
“Eu sinto que estou certo.”
Essa frase, tão comum, é também uma armadilha.
O coração humano tem a capacidade incrível de racionalizar o erro.
Criamos justificativas convincentes para o que nos favorece.
E quanto mais acreditamos em nossa própria narrativa, mais distante ficamos da verdade.
O texto de Provérbios é claro: achamos que fazemos o certo.
Ou seja, o problema não é ignorância, é autoconfiança demais.
Deus, porém, não se impressiona com boas intenções.
Ele vê o que nem nós vemos: o desejo oculto de estar por cima, de ter razão, de manter o controle.
A primeira etapa da sabedoria é desconfiar da própria certeza.
2. O coração é um advogado talentoso, e um juiz ruim
A Bíblia descreve o coração como enganoso (Jeremias 17:9).
Isso significa que ele defende seus próprios interesses com argumentos emocionais muito convincentes.
E o problema é que acreditamos nesse “advogado interno” com facilidade.
Ele diz:
- “Você só quis ajudar.”
- “Não foi orgulho, foi zelo.”
- “Você merecia aquela resposta.”
- “Você não está julgando, só falando a verdade.”
Mas o julgamento de Deus não se baseia nas nossas versões, Ele julga o coração.
Não apenas o que fazemos, mas por que fazemos.
A maturidade espiritual começa quando você para de confiar cegamente em si mesmo e passa a pedir:
“Senhor, sonda o meu coração e mostra o que eu não quero ver.”
(Salmo 139.23)
3. Fazer o certo pelo motivo errado continua sendo errado
É possível praticar o bem com espírito competitivo.
É possível pregar por vaidade.
É possível servir por culpa.
É possível ajudar alguém só pra se sentir necessário.
Essas distorções são o que tornam Provérbios 21:2 tão profundo:
Nem toda ação boa é boa diante de Deus.
Ele pesa a intenção, não apenas o resultado.
Um coração não examinado transforma virtude em vaidade.
E quando isso acontece, o “bem” deixa de ser obediência e passa a ser autopromoção moral.
Por isso, Deus não busca pessoas que só fazem o bem, busca pessoas que amam a verdade, mesmo quando ela expõe sua própria hipocrisia.
4. Só Deus tem o espelho certo
Nós olhamos de fora para dentro; Deus olha de dentro para fora.
Enquanto avaliamos ações, Ele avalia motivos.
Enquanto medimos resultados, Ele mede pureza.
Enquanto justificamos intenções, Ele confronta realidades.
Essa é a razão por que precisamos constantemente submeter nosso coração à luz do Espírito Santo.
Sem Ele, até a nossa consciência se torna cúmplice do autoengano.
A oração mais sábia não é “Deus, me confirma que estou certo”, mas:
“Deus, me corrija se eu estiver errado, mesmo que doa.”
A verdade liberta, mas primeiro, humilha.
Conclusão: o autoengano é o disfarce mais elegante do orgulho
Muitas pessoas não manipulam os outros, manipulam a si mesmas.
Dizem que estão “vivendo por princípios”, quando, na verdade, estão defendendo seus próprios interesses em nome da justiça.
Provérbios 21:2 é um lembrete: o olhar de Deus atravessa as aparências.
A santidade não começa com boas atitudes, mas com honestidade interior.
💭Você quer realmente ser aprovado por Deus — ou apenas parecer justo aos seus próprios olhos?
👉No próximo post, vamos refletir sobre Romanos 12:9:
“Não finjam amar os outros; amem de verdade.”
Falaremos sobre o amor que serve de fachada, e como reconhecer quando o nosso “amor cristão” é, na verdade, interesse disfarçado.
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